domingo, 25 de janeiro de 2009

Xadrez

Certa vez, cansado de ser paciente e de ficar apenas observando a vida passar, perguntei a uma peça do tabuleiro de xadrez quais os motivos para não ser feliz? Qual preço deveríamos pagar para sempre fazer a coisa certa? Sem muito pensar ela me respondeu que era hora de tomar as rédeas da minha vida. Que este era o momento certo de arriscar e que iria valer à pena. Questionei se não corria o risco de me arrepender das possíveis escolhas erradas, mas sabiamente ela disse que é preferível se arrepender pelo que fiz do que pelo que não fiz. Rindo, eu disse que as coisas não acontecessem assim. - Faça acontecer! Bradou a peça do tabuleiro.


Durante a conversa eu percebi que ela queria que eu agisse sem pensar só me importando comigo mesmo e esquecendo-me das pessoas a minha volta. Me esquecendo dos limites mínimos de uma boa convivência. Além disso, queria que eu me arriscasse mais. Achei tudo isso muito questionável, afinal, se me arriscasse mais, as chances de errar seriam maiores. Mas por toda minha vida fui comedido, pensava sempre antes de falar ou agir e sempre tomava as decisões mais seguras, as mais fáceis. Não percebia que assim estava me anulando. Cada vez que deixava de falar o que pensava para satisfazer minha eterna necessidade de agradar aos outros, eu ficava mais branco, mais pálido. Tornava-me invisível para o mundo e para mim mesmo.


A peça de xadrez ainda me disse que a vida não pode ser dividida em metas. Não devemos traçar planos e que o certo é simplesmente deixar a vida correr, seguir seu rumo.


- Vamos, disse ela, Perca seus medos, jogue-se na vida de olhos fechados. Não tenha medo de ser uma pessoa nova. Ainda é tempo de viver!


Depois disso, ela se calou. Refleti muito sobre o que ela disse e cheguei à conclusão de que preciso de uma segunda opinião. Da próxima vez perguntarei a uma peça do lado oposto do tabuleiro.